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Re: Intervenção de Jerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP no Debate: «Injustiças sociais e distribuição do Rendimento Nacional»

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Jerónimo de Sousa, no Debate em Lisboa sobre “Injustiças Sociais e Distribuição do Rendimento Nacional”, no âmbito da elaboração do Programa Eleitoral do PCP para as eleições legislativas, afirmou que há outras alternativas, que as injustiças sociais não são uma fatalidade e que a ruptura com esta política e a construção de uma solução política de esquerda são um imperativo para assegurar um Portugal de progresso e justiça social.
Retomamos hoje mais uma iniciativa do Ciclo de Debates de preparação do Programa Eleitoral do PCP para as eleições legislativas, sobre “Injustiças Sociais e Distribuição do Rendimento Nacional”.


Um Programa que quer ser um compromisso com os trabalhadores, o povo e o país e uma resposta aos mais importantes problemas que o nosso desenvolvimento e os portugueses enfrentam, o menor dos quais não será, certamente, o profundo e persistente desequilíbro existente na distribuição do rendimento e da riqueza nacionais e que está na origem das nossas inaceitáveis desigualdades sociais.


Antes de mais quero agradecer a vossa presença e antecipadamente o contributo de cada um, neste debate que desejamos e, com certeza será, um enriquecimento da nossa orientação e das nossas propostas.


É um facto objectivo indesmentível e incontestado que Portugal está no topo dos países da União Europeia com mais profundas desigualdades sociais e tem uma muito injusta evolução da repartição do rendimento nacional. Isso é muito visível comparando a evolução dessa repartição entre os anos de 1974 e a actualidade.


A participação do trabalho no rendimento nacional, em 1975, de 59,5% para os 40,6% no ano do início do mandato do actual governo do PS, revela o plano inclinado da evolução da participação dos salários na riqueza nacional.
Este é o traço que define a natureza anti-social da política de direita das últimas três décadas e a demonstração clara ao serviço de quem esteve tal política: ao serviço dos grandes interesses económicos e da concentração capitalista.


Traço que se prolongou no período do governo de José Sócrates. Nos últimos quatro anos a quebra acumulada dos salários, de acordo com as estatísticas europeias, foi de 1,5% e, a confirmarem-se as previsões do Eurostate para o presente ano de 2009, os salários reais dos trabalhadores tornaram a cair.


Uma evolução que distancia ainda mais os trabalhadores portugueses dos outros trabalhadores europeus que segundo a mesma fonte e no mesmo período na União Europeia (27) viram crescer os seus salários reais (2,6%).


A mesma evolução negativa em relação às reformas e pensões que neste período baixaram também em termos reais, cerca de 0,8% as pensões mais baixas e 2% as pensões superiores a 597 Euros.


A manutenção de reformas de miséria e de baixos salários são a explicação para os escandalosos níveis de pobreza que atingem mais de dois milhões de portugueses.
O aumento da riqueza criada no país desde 1974 que quase duplicou foi desviada significativamente para alimentar o processo de centralização e concentração de riqueza nas mãos de uma minoria, como confirma o facto de, no final de 2007, as 100 maiores fortunas do nosso país totalizarem 32 mil milhões de euros, o que correspondia a cerca de 20% do PIB do nosso país.
Processo que não tem interregno em tempo de crise, como o evidenciam os lucros de mais de 500 milhões de euros dos cinco maiores bancos em actividade no país nos primeiros três meses deste ano. O mesmo se pode dizer dos cinco maiores grupos económicos do sector da energia e telecomunicações que apresentaram mais de 550 milhões de euros de lucro no mesmo período.
Um processo que alimenta igualmente a exportação de uma grossa e crescente fatia da riqueza , sob a forma de lucros e de juros, para o capital estrangeiro.
É esta realidade que confirma a falácia da propaganda das preocupações sociais deste governo do PS e da sua aposta num novo modelo de desenvolvimento económico. O que esta evolução evidencia é a consolidação do modelo económico português, assente nos baixos salários e, cada vez mais, no trabalho sem direitos.


A veracidade desta afirmação e desta constatação está bem patente também nas estatísticas do INE sobre o emprego deste primeiro trimestre do ano que revelam que mais de 40% dos assalariados portugueses recebem menos de 600 euros mês. Uma realidade que discrimina de forma ainda mais injusta a mulher trabalhadora. Mais de 44% das mulheres empregadas recebiam uma remuneração inferior a 500 euros.


O PS e o seu governo gostam de se apresentar ao país, distinguindo-se pelas suas preocupações sociais, mas o primeiro e mais decisivo critério que pode revelar uma real preocupação social e uma vontade efectiva de promover uma maior justiça social é o critério da distribuição do rendimento e da riqueza.


E de acordo com este critério o governo do PS de José Sócrates não só não se distingue dos governos e das políticas do PSD/CDS-PP que o precederam com as mesmas práticas e consequências, como promoveu novos desequilíbrios com a sua ofensiva global contra o mundo do trabalho e os direitos sociais.
Uma ofensiva suportada também no seu premeditado empolamento do combate ao défice que foi pretexto para aumentar a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho e das largas massas e para um novo impulso à política de liquidação progressiva do carácter publico e universal das funções sociais do Estado.


Mas se a tendência é de uma crescente injustiça em relação à distribuição do rendimento nacional, em relação à política fiscal, ela não só não atenua os desequilíbrios na distribuição da riqueza, como é fonte de novas injustiças e factor de promoção de mais desigualdade.
Desde o princípio da década até há dois anos atrás, ou seja entre 2000 e 2007, segundo um relatório do mês passado da própria Comissão Europeia, a carga fiscal passou de 34,3% para 36,8%.


O governo veio dizer que este aumento é o resultado dos avanços no combate à fraude fiscal e da diminuição da economia paralela, mas na verdade o que vimos, com este governo e logo no seu primeiro ano, foi o aumento dos impostos indirectos, o mais injusto dos impostos que pesa na vida e no consumo das camadas populares e a seguir o aumento dos impostos sobre os rendimentos do trabalho, pela via da actualização dos escalões do IRS aquém da inflação e dos impostos aos reformados.
José Sócrates anda agora a prometer justiça fiscal à “classe média” como diz, mas nada apaga a profunda injustiça que se instalou com o agravamento dos impostos para o mundo do trabalho, enquanto as grandes empresas, os grandes bancos, o grande capital, recebia milhões em benefícios fiscais ao mesmo tempo que se abriam as portas à engenharia fiscal para reduzir a metade a taxa de IRC para os grandes senhores do dinheiro.
Foi para contrariar estas tendências que em vários momentos da presente legislatura apresentámos propostas que a maioria recusou de valorização dos salários e das reformas, incluindo de um mais substancial reforço do Salário Mínimo Nacional e alterações significativas no sistema fiscal, visando uma maior justiça.


Com o governo do PS e a coberto de medidas sociais de alcance limitado e aplicação restrita tomaram-se medidas que se traduziram numa acentuada degradação das condições de vida e de trabalho de largas massas, ao mesmo tempo que se criava o caldo de cultura para fomentar o rebaixamento generalizado das remunerações do trabalho e pressionar o nivelamento por baixo dos direitos laborais.


As políticas que secundarizaram o objectivo do crescimento com mais emprego e que acabaram por levar ao aumento elevadíssimo do desemprego, que hoje atinge 625 mil trabalhadores tornando-se um preocupante problema nacional, fonte de injustiça, de degradação das condições de vida e de pobreza, não é o único elemento a pressionar a deterioração das condições de trabalho e a acentuar as desigualdades.


Não é por acaso que a taxa de risco de pobreza dos desempregados atingiu já em 2007 o nível mais alto de sempre, 35%, um número hoje já desactualizado.
Com este governo do PS e com a sua política formatada na matriz neoliberal, apesar das piedosas declarações em contrário, tudo tem feito para fragilizar a resistência e resposta, incluindo no plano legal, dos trabalhadores à exploração. Foi assim com o Código de Trabalho e a prática legalização do trabalho precário que com este governo do PS colocou Portugal nos lugares cimeiros da precariedade na União Europeia.


Hoje um em cada três trabalhadores são precários, tendo ficado nesta situação, nos últimos quatro anos, mais 110 900 trabalhadores. É por isso que nestes quatro anos não foi a promessa de melhor emprego que se cumpriu, mas a de uma alteração da estrutura de emprego pior e mais mal pago. Hoje, os salários médios em situação precária estão já reduzidos em cerca de 1/3.


O trabalho precário é hoje, na verdade, uma fonte de desvalorização dos salários e um factor de forte redução da participação do trabalho no rendimento nacional e que atinge particularmente os jovens trabalhadores e os jovens casais. Jovens que são empurrados para um mundo do trabalho absolutamente desprotegidos, disponíveis para trabalhar a troco de quase nada e lançados no mundo da precariedade.


Esse mundo onde a juventude se vê despojada de direitos, com baixos salários, contratos a prazo, trabalho temporário, sem apoio à constituição de família, à habitação e também a sofrer de forma particularmente dura as consequências do desemprego, cuja taxa na juventude atinge cerca de 20,3% – a maior de sempre.


Essa juventude que sente como ninguém o peso da habitação no rendimento familiar, com a dupla penalização dos baixos salários e pagamento de juros e serviços com preços draconianos impostos por grandes empresas protegidas e a preço de cartel.


Mas factor de pressão para acentuação da depreciação do valor do trabalho e de injustiça é também a situação criada por este governo com a alteração das regras de acesso ao subsídio de desemprego.
Objectivamente o que se promove e o que está a acontecer é com a escassa oferta de empregos e a existência de mais de 300 mil trabalhadores que não recebem nenhum subsídio é o aumento da exploração do trabalho, traduzido em exclusivas ofertas de trabalho precário e salários baixíssimos iguais ou próximos do salário mínimo nacional, mesmo para tarefas e trabalhos que exigem qualificações e habilitações elevadas.


No negro quadro das injustiças sociais pesa de forma crescente outra componente que conheceu com o governo do PS de José Sócrates, uma nova dimensão – a do ataque às funções do Estado de Abril - , particularmente na saúde, educação e segurança social com a transferência dos seus custos para orçamentos das famílias e das pessoas.


A política de mercantilizarão dos direitos que só não tem ido mais longe, pela luta de resistência dos trabalhadores e das populações, mas que tem efectivamente acrescentado novos encargos a rendimentos de trabalho degradados, promovendo uma efectiva redução do poder de compra dos salários e das reformas. Mas profundamente injusta e geradora de pobreza e exclusão no futuro, num país que tem dos mais baixos salários, é a tão cantada reforma da segurança social.


Essa pérola de uma esquerda que se diz moderna, mas que ficará na memória dos portugueses não por ter feito avançar a roda da história no sentido do progresso e do bem-estar de todos, mas por ter promovido uma reforma que é uma escandalosa regressão civilizacional.


A mais que certa redução gradual das pensões de todos os trabalhadores que se reformaram a partir de 2006 não será assinalada como uma marca de modernidade, mas como a marca de uma retrógrada política que sob tal capa visa fazer tábua rasa das conquistas sociais e económicas resultantes de um século de lutas sociais. Uma política que assumiu como sua bandeira as propostas da direita e do neoliberalismo dominante.


Com a agudização da crise do capitalismo internacional que acrescentou crise à nossa crise é o mundo das desigualdades chocantes que cresce, com os grandes interesses a impor as suas condições leoninas ao mundo do trabalho para manterem os mesmos níveis de lucros.


Mais desemprego, lay-off, salários em atraso, reduções salariais temporárias que se querem depois tornar definitivas são instrumentos de aprofundamento das desigualdades e das injustiças sociais, mas também regionais, com determinadas populações, pela concentração de determinados sectores a sofrer as consequências agravadas da crise.


O agravamento da crise do capitalismo a que assistimos só veio revelar a crise profunda que minava a sociedade portuguesa e dar mais nitidez às fragilidades e ao fracasso de uma política que conduziu o país à degradação económica e social. Crise do capitalismo que tem na sua génese exactamente as mesmas políticas que hoje tão gravemente penalizam o País.
É preciso dizer basta de injustiças a uma política que sacrifica sempre os mesmos.
Neste debate de hoje, estamos certos, ficará claro que no país há outras alternativas, que as injustiças sociais não são uma fatalidade e que a ruptura com esta política e a construção de uma solução política de esquerda são um imperativo para assegurar um Portugal de progresso e justiça social.


Uma política alternativa que, baseada nos princípios e valores da Constituição da República, tenha como grandes objectivos a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e da população.


Uma política que tenha como eixo central e primeiro objectivo a valorização do trabalho e dos trabalhadores, que signifique uma redistribuição da riqueza produzida anualmente em Portugal, como factor de justiça social mas também como questão crucial para a dinamização do mercado interno e acréscimos da produtividade.


Uma justa distribuição do rendimento, assente na valorização dos salários, das reformas e pensões, numa nova política fiscal e de defesa do sistema público de segurança social que assegure o direito à reforma e a uma pensão digna.


Uma nova política que comporte o objectivo do pleno emprego, a defesa do emprego com direitos, o combate à precariedade e a uma efectiva protecção social dos desempregados.


Uma política que promova uma administração e serviços públicos ao serviço das populações, nomeadamente um Serviço Nacional de Saúde de qualidade, geral, universal e gratuito; a afirmação da Escola Pública como factor necessário e imprescindível do desenvolvimento do país e a defesa de um sistema público, solidário e universal de Segurança Social.
Uma política alternativa que dê resposta com medidas concretas a propostas inadiáveis a urgentes problemas que, nomeadamente, respondam uma efectiva protecção aos desempregados, que garantam a anulação dos aspectos negativos do Código do Trabalho e da legislação de trabalho da Administração Pública, que reponham a dignidade da profissão docente com a revogação do actual Estatuto da Carreira Docente e a alteração do modelo de avaliação, a devolução da justiça e equidade nos critérios de cálculo e na actualização das reformas e a melhoria das pensões e reformas e a salvaguarda do direito à reforma aos 65 anos.
Estes são eixos de uma política e propostas que assumiremos no nosso Programa Eleitoral, juntamente com outras que o debate que estamos a desenvolver trará.
Boa tarde,

Em primeiro lugar queria felicitar a natureza destas iniciativas desenvolvidas pelo PCP através da criação do fórum. Anteriormente não tive oportunidade de participar no outro fórum alargado, e nesse sentido gostaria de fazer um apelo para que estes fóruns pudessem ser estendidos por um período mais largo de tempo, ou mesmo poderem encontrar-se abertos por tempo indeterminado para que a exposição possa ser mais ampla e com mais elementos de discussão. Infelizmente julgo que a iniciativa anterior, que tive oportunidade de ler, não contou com um debate muito esclarecido por não ter havido muita participação.

Queria num segundo momento apresentar-me, e dizer que apesar de ter já nalguns momento enviado alguns emails para o PCP sou um cidadão independente, simpatizante do PCP, e que me assumo necessariamente como acreditar num projecto de esquerda política.

Bem, tive a oportunidade de ler a declaração de Jerónimo de Sousa sobre esta grande problemática que é a distribuição do rendimento bruto e as injustiças sociais existentes em Portugal. E vou apresentar alguns dos pontos que julgo serem importantes esclarecer e discutir com amplitude no seio da política do país:

- Os números apresentados reflectem uma aumento global da riqueza em Portugal, com expressão no aumento do fosso entre ricos e pobres preconizando um aumento da injustiça social e do desnivelamento;
- A taxa de natalidade continua a diminuir e a esperança média de vida tem aumentado significativamente em Portugal. Este ponto é determinante no enquadramento da sustentabilidade da segurança social em Portugal;
- Portugal tem hoje um número muito pesado de desemprego, na ordem dos 10%, que enfatiza uma realidade social empobrecida e o aumento dos problemas sociais, da frustração colectiva preconizando um aumento da delinquência;
- Paralelamente, o grande lobby criado no seio deste modelo Europeu favorece a expansão do neo-liberalismo, que se impõe através da privatização e da diminuição do peso do estado na sociedade. Esta realidade tem determinado uma realidade controversa. Empresas que eram publicas e que não apresentavam lucros significativos para o estado, apresentam hoje lucros elevadíssimos, depois de assumirem uma gestão privada, transformando-se algumas delas nas maiores multinacionais Portuguesas com expansão de mercados. A controvérsia não termina por aqui, se os lucros são hoje maiores, o custo de vida da população continua a aumentar, porque por exemplo, o custo dos bens essenciais que são a água e energia continuam a ser ampliados. O estado perdeu autonomia e o povo paga diariamente os custos desse deslocamento.
- Hoje em dia houve-se falar muito do investimento na educação e ensino superior, no plano tecnológico e da investigação em Portugal em expansão. Mas a realidade aparece distorcida! Se é certo que aumentaram os subsídios do estado para o aumento do número de bolsas de investigação, a carreira de investigador é ainda limitada, sujeita a lobbies pesados internos à Universidade e Politécnicos. A carreira de bolseiro assume-se como um sistema precário de trabalho, sem regalias sociais, sem descontos para a segurança social, com valores de bolsas não actualizados desde à cerca de 10 anos. E o rácio entre alunos doutorados e empregabilidade diminui anualmente. Se temos hoje um país que apoia o ensino, temos um país que não apoia a sustentabilidade e o valor dos talentos que se formam. A emigração é hoje o caminho mais fácil para quem tem qualificações actualizadas.


Já me estou a estender demasiado para a minha primeira apreciação. Poderia enumerar um sem número de caminhos para concluir que há muitos aspectos que concorrem para esse problema que é hoje a injustiça social!

E vou agora enumerar alguns dos caminhos que devem ser trabalhados:

- Apoiar a natalidade, esta é uma das políticas mais importantes e necessárias. Não podemos continuar a pensar a 4 anos! Temos que conduzir políticas que se credibilizem a pelo menos 20 anos. Todos sabemos que se queremos um estado funcional e economicamente sustentado precisamos de pessoas! Se o país ganha em esperança média de vida graças aos avanços da medicina, a perda em natalidade e o afastamento progressivo de talento português com elevada formação para o estrangeiro, irá comprometer a mão de obra activa no país em poucos anos, com consequências para a falência do sistema da segurança social e dos próprios bens públicos essenciais!

- Investir no empreendedorismo, que deve começar através de um novo espírito de educação que se foque na criação de emprego no país, valorizando os recursos naturais existentes, os produtos artesanais e únicos que poderão ser exportados e internacionalizados, mas também através de investimentos fundamentais em ciência e tecnologia apostando em domínios estratégicos como sejam a preservação do ambiente, e os novos desafios, quer no ordenamento territorial quer na aposta forte no interior, como alentejo, algarve, beiras, bragança, onde a desertificação aumenta diariamente.

- E o meu segundo ponto assenta, que sem a criação de emprego não conseguiremos vencer os desafios da injustiça social. Mas neste campo julgo que é essencial sustentar a formação e adequação dos quadros das empresas para que estas se tornem competitivas e sustentáveis. A formação é um caminho necessário neste sentido!

- No campo social e segurança é necessário aumentar e intensificar o apoio local. E neste aspecto julgo que há um caminho importante das autarquias para o apoio social às realidade sociais empobrecidas e aos nichos de delinquência que superabundam estes ambientes.

Por agora vou esperar alguns comentários, e mais tarde volto, espero, a intervir na construção de ideias.

Com os melhores cumprimentos a todos,

Nuno Costa Pépe
Caro Nuno Costa Pepe

Em primeiro lugar quero-lhe agradecer as suas reflexões e questões são importantes.

Em relação à primeira questão - o apoio à natalidade - é muito importante até porque o futuro do país também passa por aí. E em relação a ela quer a politica que tem sido seguida - aumento da precariedade, baixos salários, aumento de desemprego, etc - quer os apoios do Estado - creches a preços acessiveis insuficientes ou inexistentes - não ajudam. Dados do INE divulgados em 15.7.2009 revelam que a taxa de risco de pobreza entre as familias com filhos aumentou, entre 2006 e 2008, de 18% para 20%.

Em relação à segunda questão - educação, formação e qualificação - é uma questão também muito importante mas ela não poderá ser desligada do investimento e de medidas para dinamizar o mercado interno, o que passa por uma mellhor distribuição da riqueza e do rendimento. Sem investimento, mesmo que exista elevada formação e qualificação não se criam condições para aplicar talentos.

O papel das autarquias, por estarem proximas e conhecerem mehor as necessidades das populações, é sem duvida importante. No entanto é necessário não esquecer que há responsabilidades que são centrais, por um lado; e, por outro lado, que as autarquias para poderem desenvolver tais actividades têm de dispor de meios financeiros e, neste momento, a maioria delas estão estranguladas financeiramente e impossibilitadas de desenvolver tais actividades com alguma eficácia.

Neste momento, em que se verifica um agravamento do desemprego, e a tendencia futura é o aumento, e um aumento rapido da pobreza uma questão central, com uma exigência acrescida, é precisamente uma melhor distribuição da riqueza ( em Portugal os 10% mais ricos recebem rendimentos superiores em 10 ezes aos recebidos pelos 10% mais pobres) e , consequentemento, do rendimento como forma não só de implementar uma maior justiça social mas também de dinamizar a actividade economica combatendo assim o desemprego.

Aqui ficam algumas reflexões estimuladas pelas suas

Com consideração
Eugénio Rosa
Caros Camaradas,

é preciso considerar que há uma explosão demográfica em curso no Planeta. Porém, infelizmente, só a China controla a sua população.
Penso que no esforço de controlar o número de indivíduos no Planeta, todos os países deviam ter controle semelhante para que ninguém fosse previligiado, sendo assim mais justo.
Assim, em Portugal, também devia ter controle de população como a China (1 filho por casal).
Queria realçar que o aumento de número de filhos, sem controle, é política retrógada do capitalismo, que só quer ver gráficos a subir sem pensar nas consequências. Por isso não admira que seja um presidente da república de direita que seja a cara desta degradação.
Para acabar relativamente ao comentário de alberto joão jardim que o Comunismo devia ser proibido, digo só que é precisamente o capitalismo, com o seu consumo de massas e demografia descontrolada, que põe em causa a Vida e o Futuro de todos nós e esse é que devia ser proibido!
Saudações para todos vós e parabéns por esta excelente iniciativa.
Carissimo Eugénio,

Em primeiro lugar também gostaria de agradecer o feed-back, entretanto depois observei a sua apresentação e os gráficos que publicou noutro tópico deste forum.

Concordo com todos os aspectos que apresenta em relação aos meus pontos.

- Sem dúvdia que há muito a fazer no apoio a natalidade, e isto incluí um apoio aos pais tanto nos subsídios como nos apoios que se revelam nos campos da educação, da saúde e dos benefícios à habitação. O Pedro Miguel Pereira apresenta a questão da limitação ao crescimento da população. Bem, se é certo que há um problema global de aumento da população com consequências globais trágicas para o planeta e para a própria vida humana, sendo até agora unicamente a China com uma política de controlo populacional reduzida a uma criança por casal e reserva a possibilidade da segunda, nós em Portugal vivemos uma realidade um pouco distinta, com base na taxa de natalidade actual a nossa população tende a diminuir de um modo alarmante na perspectiva do que é este modelo económico em que está baseado o nosso sistema de segurança social. Este é por sinal um aspecto que julgo dever ter um debate mais alargado no Parlamento Europeu, através dos deputados Ilda Figueiredo e João Ferreira. É necessário promover o diálogo de uma política de natalidade comum a todo o espaço europeu. Mas a questão essencial no nosso país passa por incentivos sociais e fiscais à natalidade. E nesse sentido que propostas está o PCP a trabalhar?

- Na questão do ensino superior - educação - ciência e tecnologia o meu comentário foi exactamente nesse sentido! Promover a continuidade de incentivos que por um lado continuem o crescimento e ainda o ampliem, e por outro permitem a criação de emprego. E é aqui, na criação de emprego e nos incentivos à criação de emprego que é necessário ainda fazer muita coisa. E por isso referi que tudo deve começar por uma reestruturação do modelo de ensino que inclua e incentive a ideia da criação de emprego. No campo cientifico é necessário ampliar a carreira de investigação. Hoje os investigadores ainda vivem na sua maioria na precariedade. Julgo que deviam existir áreas estratégicas para o desenvolvimento do país nas quais fossem abertos campos de investigação para que as pessoas orientassem o seu percurso nesse sentido. Não há estratégia, há muitos grupos, muita gente, mas muitos não sabem o que fazem nem porque fazem, esta organização é necessária!

- Ainda na criação de emprego, o apoio a industria pesada, às pescas e agricultura tem que ser uma realidade! O estado gasta hoje milhões de euros com o problema do desemprego. Gasta milhões de euros com a banca e a corrupção mas não investe nos recursos naturais que o país possui de modo a sustentar o nosso mercado interno. É importante exportar para fazer crescer a economia, mas é antes importante sustentar o mercado interno e transformar o mercado interno.

- O Alentejo continua a sofrer desertificação! Tem a maior barragem da Europa mas a sua utilidade é ainda praticamente nula. A poluição das águas não permite o uso para consumo humano, e a agricultura ainda não é valorizada. Que desafios prevê o PCP neste aspecto para expandir o emprego no Alentejo?

- Não fugindo a questão da injustiça social que é em muito consequência do modelo de gestão do país e do próprio desemprego julgo que há um trabalho muito forte a fazer nos incentivos à dinamização cultural e ao aumento da informação nas classes mais desfavorecidas. Faltam apoios médicos, faltam apoios humanos e serviços sociais... e aqui há muito para fazer.

N.C.P.
Amigo Nuno

Sem pretendermos ser exaustivos entendemos que a questão fundamental no apoio à natalidade, que o nosso país necessita de promover, para não ficarmos dependentes do saldo de natalidade que os imigrantes nos trazem, passa pela luta por um trabalho com direitos. O grande flagelo que hoje os jovens têm de enfrentar passa por níveis de desemprego dos mais elevados da Europa - 20,3% no final do 1º trimestre de 2009 -, níveis de precariedade no trabalho elevadíssimos e salários baixíssimos. Hoje qualquer casal jovem e responsável pensa muitas vezes antes de decidir aumentar a família. Para além disto entendemos que o Estado deveria investir na melhoria da rede pública de equipamentos de infância em vez de entregar a IPSS a sua gestão com tem feito até agora, obrigando muitos casais jovens a pagar mensalidades elevadíssimas em creches privadas.

A construção da barragem do Alqueva constituiu uma luta de décadas que o PCP e muitos nossos amigos travaram. Infelizmente construída a barragem, a irrigação dos campos do Alentejo está longe de estar feita e os vários governos em vez de potenciarem a sua utilização através do aumento da produção agrícola, têm apostado no apoio a investimentos turisticos de duvidosa utilidade para o futuro do país e que se limitam a utilizar o plano de águas criado com a construçao desta barragem. Entretanto o nosso défice agro-alimentar não para de crescer e o nosso país está cada vez mais dependente das importações agrícolas.
CAROS CAMARADAS

TEMOS QUE NOS MOBILIZAR PARA QUANDO FOREM AS ELEIÇÕES A CDU TEM QUE OBTER A MAIORIA DOS VOTOS,POIS O NOSSO PAÍS ESTÁ CADA VEZ MAIS POBRE GRAÇAS AOS SUCESSIVOS GOVERNOS PS/PSD/CDS.TODOS OS CIDADÃOS PORTUGUSES TÊM QUE DEMONSTRAR NAS URNAS O QUANTO ESTAS POLÍTICAS ESTÃO ERRADAS.
A CDU TÊM QUEM SER UM PARTIDO DE GOVERNAÇÃO,POIS SÓ COM A PARTICIPAÇÃO DE TODOS OS PORTUGUESES ,DE TODAS AS CLASSES ECONÓMICAS,SOCIAIS,E POLÍTICAS DO NOSSO PAÍS, É QUE CONSEGUIMOS UM PAÍS MAIS SOLIDÁRIO E MAIS JUSTO.
Camarada Oliveira

Temos que transformar as muitas lutas que por este país se têm travado, em votos contra este governo e contra a direita. São 2 meses para impedir continue na mesma, não depende só de nós, mas depende muito de nós.