Amigo Nuno Pépe,
O Governo do PS/Sócrates ficará lembrado pela violenta ofensiva que lançou contra o Serviço Nacional de Saúde (SNS), cujo objectivo central passava pelo seu desmantelamento e entrega aos privados de importantes áreas da prestação de cuidados de saúde. Foi a isto que assistimos nos últimos quatro anos. Em Portugal fica cada vez mais clara a ideia de que existem alguns que perspectivam a saúde como uma grande área de negócio, de onde retiram chorudos lucros, e que reconhecem ao Estado apenas uma função de financiador. Pelo contrário, o PCP há muito que defende que seja colocado um fim na promiscuidade entre o sector público e privado e que a saúde deve ser um direito de todos para que o acesso, ao nível do SNS, a cuidados de saúde de qualidade, em segurança e em tempo útil seja uma efectiva realidade.
A saída de trabalhadores da saúde do sector público para o sector privado, tal como refere, resulta, em grande parte, no sentimento de desvalorização do seu trabalho, nos elevados índices de precariedade e da ausência de carreiras que consagrem as suas legítimas expectativas. Esta situação atinge contornos ainda mais graves quando se observa que há um claro aproveitamento do sector privado nos recursos humanos que foram formados e adquiriram experiência profissional no sector público.
Quanto à questão que coloca relativamente à oncologia é importante referir que o aumento das instituições destinados ao diagnóstico e tratamento de doenças do foro oncológico não determina, por si só, o fim das listas de espera. O PCP defende que muitas das doenças do foro oncológico poderiam nem sequer surgir se existissem verdadeiras políticas de promoção da saúde e prevenção da doença, no entanto, isto implicaria, tal como propomos, um maior investimento na área dos Cuidados de Saúde Primários.
Por outro lado é importante referir que as doenças do foro oncológico não são apenas tratadas nos centros oncológicos mas sim de uma forma generalizada no conjunto das instituições de saúde. Assim sendo, a redução das listas de espera para tratamento de doenças do foro oncológico passa sobretudo por uma promoção da sustentabilidade e aumento do financiamento das instituições do SNS, no sentido da promoção do desenvolvimento de todas as suas potencialidades, do pleno aproveitamento da capacidade instalada e o reforço dos recursos técnicos e humanos. Se estas propostas do PCP fossem concretizadas, não temos dúvidas de que o acesso dos cidadãos a cuidados de saúde com qualidade, em segurança e em tempo útil seriam uma realidade.