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Re: Mobilizar como Desafio a uma Politica de Equadramento Social

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Mobilizar como Desafio a uma Politica de Equadramento Social
16 de Julho de 2009 às 03:19
Em Portugal vive-se hoje não apenas uma crise politica e de expressão popular como nunca depois do 25 de Abril. Há um desacreditar continuado que tem determinado o empobrecimento da democracia com o afastamento das pessoas dos actos eleitorais. Se este aspecto se faz sentir de modo mais pronunciado nas eleições europeias, onde a generalidade da informação passa de modo pouco esclarecido, e ai há um peso fundamental do papel dos media e das próprias organizações europeias, no campo das políticas nacionais isso também se sente cada vez mais através de números crescentes de abstencionismo.

Neste sentido é importante mobilizar! A grande manifestação dirigida pela CDU em Maio último é um excelente exemplo de mobilização. Mas estes movimentos devem crescer de forma continuada. O povo, as pessoas precisam de voltar a sentir confiança, a sentir união e esperança, e um dos mais importantes problemas sociais, não apenas desta crise económica, mas também de um sistema consecutivo de crises que o país ainda não saiu, é essa falta de esperança e de acreditar que é possível!

E tudo isto atravessa os partidos mas deve ser externo ao próprios partidos, Os movimentos de cidadãos tem cada vez mais um peso, que embora ainda não represente uma alteração de quadro, eu penso que poderá ser o caminho para a alteração de quadro político e de construção mais justa de um estado equilibrado para combater a Injustiça social.

Sem encontrarmos soluções que sirvam um planeta equilibrado e um país que dê o exemplo no quadro da alteração dos ecossistemas. Sem a condução de políticas que se preocupem com o ambiente e combatam a massificação do uso de proteínas na produção pecuária e de fertilizantes na agricultura, sem apostarmos num país que viva da qualidade, com qualidade, e não do progresso e dos desafios consumistas sem equilíbrio e de forma desigual, não conseguiremos construir um país mais justo e um sistema político que criei essa confiança perdida!

Ontem mesmo começou a nascer um movimento em Portugal, sem quaisquer fins políticos, chamado LimparPortugal. Um movimento que surge na sequência de uma operação semelhante que nasceu na Estónia e que mobilizou num território com 42000km2 cerca de 50000 pessoas num único dia com recolha de 10000 toneladas de lixo ilegal espalhado por todas as partes do país, desde as cidades às florestas. Este movimento que nasce agora em Portugal e que se poderá espalhar por toda a Europa constitui um desafio importante na união da população em torno de uma causa essencial para o nosso bem estar comum! E se esta mobilidade humana, se construísse no seio da cooperação política, não estaríamos nós a construir um país mais forte acreditando nas nossas pessoas, com coesão social e dinâmica de trabalho?

Nuno Costa Pépe
PCP
Re: Mobilizar como Desafio a uma Politica de Equadramento Social
16 de Julho de 2009 às 03:49
Amigo Nuno Pépe

do nosso ponto de vista, os movimentos sociais são importantes como forma de mobilização de vontades em torno de questões objectivas que afectem a vida das populações. É importante no entanto que estas formas de mobilização não sejam efectuadas contra as forças políticas, já que não concebemos um regime democrático sem partidos políticos. Infelizmente é por vezes frequente surgirem movimentos sociais que se afirmam fundamentalmente como anti-partidos, o que é do nosso ponto de vista errado, já que sem partidos não há democracia.
Re: Mobilizar como Desafio a uma Politica de Equadramento Social
16 de Julho de 2009 às 04:12
Olá novamente,

A minha perspectiva no tópico que propus não foi de modo algum a anulação partidária! Os partidos precisam-se ainda que como escrevia ainda hoje num outro espaço onde escrevo com frequência, existe necessidade de renovação e adaptação às realidade presente. E isto não é sequer uma critica ao PCP mas transversal a todos os partidos e cores politicas. Penso que o PCP tem mantido uma coerência política muito forte e não devermos esquecer que é o mais antigo Partido político Português, apresentando ainda hoje um dos mais fortes pesos na assembleia, quando avaliamos os países europeus. Tem havido um esforço de adaptação aos tempos que valorizo, e por isso acompanho de próximo os caminhos traçados.

Mas quando lancei a questão da mobilização queria aqui chamar a atenção a importância da coesão social e dos movimentos voluntários na sociedade. Esta coesão demonstra que as pessoas quando lutam e querem mesmo uma coisa conseguem com o seu esforço atingir esses objectivos, sejam eles quais forem. Isto não anula os partidos políticos é transversal aos mesmos. Mas este movimentos demonstram uma coisa importante, que é possível mudar e construir!

Infelizmente o nosso tempo vive o período onde o capitalismo é cada vez mais forte! E digo infelizmente porque no meu ver o capitalismo não gerou apenas uma das crises financeiras mais fortes da história, onde o número de desempregados é hoje preocupante e a tendência ainda não parou de crescer, mas também em consequência disso, vive-se um modelo de consumo insustentabilidade com consequências globais para o planeta e a vida humana. A ganância do progresso com o dogma de atingirmos a qualidade de vida tem feito perder essa mesma qualidade de vida! Hoje em dia vivemos num ritmo muito acelerado, a qualidade de vida era muito maior há duas ou três gerações que é hoje! E este é um grande problema do capitalismo, a sua própria insustentabilidade e o fosso social crescente que gera na sociedade. E este é um papel que a esquerda tem na actuação dos nosso tempos! Estou absolutamente certo que estamos perto de perceber que este modelo de direita não serve para o desenvolvimento com qualidade de vida. Mas também estou certo que se a esquerda tiver uma oportunidade para ganhar o seu espaço político não pode falhar!

E voltando à questão do movimento, do agrupamento, da coesão... Só com coesão, com uma exposição fundamentada e construtiva se conseguem vencer grandes batalhas, e estes grupos tem papeis essenciais mas que não negam nem afastam o peso da política no seio da sociedade, apenas lhe dão apoio e esperança para dirigir acções de envergadura semelhante. movimentar significa agir! E a acção deve servi-se de agarrar ao programa político grandes causas em defesa dos direitos globais da cidadania, das condições de vida e da qualidade, sempre com sustentabilidade!


N.C.P.
Re: Mobilizar como Desafio a uma Politica de Equadramento Social
16 de Julho de 2009 às 09:17
Não diria tão taxativamente que "sem partidos não há democracia." Tal afirmação é pertinente no contexto actual, mas, se considerarmos um horizonte político mais interessante (o de democracia directa numa sociedade sem Estado), os partidos podem mesmo ser perspectivados como estruturas limitadas nas quais não se esgota nem elas esgotam o potencial de intervenção política dos cidadãos. Sem perder a noção da realidade (mediante a qual reconheço o espaço de intervenção partidária e o espaço do PCP em concreto como espaço preferencial de intervenção), creio que não devemos também perder de vista um horizonte dinâmico (a utopia) em relação ao qual caminhar.
Re: Mobilizar como Desafio a uma Politica de Equadramento Social
16 de Julho de 2009 às 09:47
Olá Sónia,

O tempo de antena, por agora, aqui está quase no fim mas queria pegar naquilo que escreveste e voltar a questão da democracia para sustentar uma ideia que talvez não tenha deixado bem clara nas minhas anteriores exposições. Primeiro que concordo com o que o PCP lançou que sem partidos não há democracia, como o PCP também eu defendo o espírito da coesão partidária e do direito democrático que esta nos oferece! Agora há um trabalho importante para fazer neste sistema democrático, e foi nesse sentido que defendi movimentos, associações e o espírito voluntariado que deve existir na sociedade, dentro e fora dos partidos! Este não tem a pretensão de anular o papel partidário, mas antes o papel de construir e desenvolver causas essenciais para a sociedade! E a lição a tirar do espírito voluntário é a união que é possível fazer entre pessoas por causas importantes.

Agora voltando a questão da democracia, aqui há uma reflexão importante que temos juntos que fazer, e quando falo em "nós" falo em nós cidadãos, que se coloca na crise da democracia. Existe ou não existe hoje uma crise da democracia? Como se revê o PCP nesta crise democrática que está progressivamente a permitir o afastamento das pessoas do direito conquistado em Abril? Aqui julgo e lanço este desafio, uma reflexão importante para fazer, que julgo que é transversal a qualquer partido mas, por estar mais próximo do PCP, gostaria de conhecer o seu posicionamento.

Por último, sinto sempre uma dificuldade tremenda em espelhar a imagem de importância que o PCP tem na sociedade com a grande maioria das pessoas. Em geral existe uma visão extremamente negativa em relação ao PCP e à sua história. Como construir uma imagem renovada ou fazer alterar mentalidades que se estabelecem em concepções quase sempre erradas e de preconceito em relação ao PCP? Que caminho há a fazer neste sentido?

Queria finalizar agradecendo a oportunidade de participação neste fórum e esperando ter contribuído para o debate de alguns pontos que considero relevantes no contexto da injustiça social que Portugal vive hoje.

Grande abraço,

N.C.P.