Artigo de Opinião de Artur Moreira no portal da internet '[
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"Sempre a mesma música,mas esta não cansa aos empresários"
Neste meu artigo de opinião venho falar notoriamente de política e não me quero esconder sobre o minha condição de dirigente desportivo mas estou aqui como militante do PCP.
Com a aproximação das eleições legislativas, vejo o capital a pedir o mesmo de sempre, ou seja, contenção salarial e aumento de impostos.
Contudo esta “música” é sempre a mesma e não se prevê melhoria de vida e não vejo os nossos comentadores políticos a dizer que a “cassete é sempre a mesma” como dizem quando o Partido Comunista pede mais justiça salarial e justiça de saúde para quem trabalha por conta de outrem.
O PCP pede isto porque desde sempre, quando existe reformas governamentais os trabalhadores são sempre os mais esquecidos e prejudicados, e por isso nunca é demais lembrar a situação precária de uma grande franja dos trabalhadores Portugueses.
Em tempos um irmão meu que trabalha na Suíça, convidou-me e à minha família para ir passar a passagem fim de ano com a família dele.
Lá fomos e fiquei espantado com o que vi e o que soube. Não é que os Suíços têm um salário que ronda os quatro/cinco mil Euros, e a roupa e o calçado é ao mesmo preço ou mais barato do que em Portugal.
Como é que isto pode acontecer? A Suíça não faz parte da Comunidade Europeia, mas como é possível em Portugal, termos uns ordenados de terceiro mundo e um custo de vida como os melhores países da Europa.
É certo que não é só pelo vestuário que se vê o nível de vida, mas nas estradas, também se vê o nível de vida de um país.
Fiz algumas boas centenas de quilómetros na Suíça, visitei coisas lindas e bem conservadas estivessem elas nas cidade ou nas montanhas, aliás, lá a vida diurna nas montanhas é tão forte que quase nem sentimos que estamos a cento e cinquenta quilómetros da cidade de Zurique.
Nessas centenas de quilómetros e muitas estradas, dentro da cidade ou montanha, mesmo aquelas para os currais, procurei em vão, um buraco, um pequeno buraco, ou estradas de paralelo. Nada, mesmo nada, nem um buraco nem uma estrada de paralelo, são todas asfaltadas, largas e com pista para ciclistas.
Em Portugal o que se vê?
Vê-se que é difícil encontrar uma estrada que não tenha buracos, nas freguesias de interior e não é preciso ir longe, ruas mal amanhadas em paralelo e esburacadas que tanto estragam os amortecedores dos nosso automóveis e pistas para ciclistas nem vale a pena procurar.
Ainda sobre as estradas os Suíços não pagam portagem para andarem nas suas auto-estradas, pagam um selo anual que custa aproximadamente, quatro viagens de ida e volta a pagar a portagem de Porto a Lisboa na A1.
Para quem não sabe um cidadão da Suíça paga cerca de 200,00 € anuais de imposto de estrada contando já com o selo municipal.
Outra diferença e considerável são os transportes públicos e só assim é que se consegue manter as pessoas nas montanhas.
A carreira em qualquer vila no meio da montanha passa de hora em hora, o comboio anda por tudo quanto é sítio, é muito fácil ver a linha do comboio no acompanhamento da estrada.
O passe é anual, e é mais barato do que em Portugal.
Como é possível que um país como a Suíça, com ordenados quatro a cinco vezes superiores aos nossos (ordenado médio) têm vestuário, estradas, transportes públicos mais baratos do que em Portugal.
Têm coisas mais caras do que em Portugal, mas fazendo a comparação preço, ordenado, o nível de compra é abismal.
Outros bens essenciais muito mais baratos do que Portugal, são, a água, luz e comunicações. Aqui a diferença também é enorme e nem vale a pena dizer quanto.
Voltando à nossa política, como é possível o Português pagar mais impostos que a maioria dos países da Comunidade Europeia, pagar mais pelos serviços prestados e ter um ordenado muito mais baixo e não conseguimos criar riqueza e termos um nível de vida igual a qualquer outro país da Comunidade Europeia. Alguém anda a comer.
Eu digo porquê. Porque as nossa entidade patronais são tudo menos empresários, temos alguns mas os que temos também só vêm Euros.
Na Industria têxtil a culpa, não é dos trabalhadores mas sim do patronato e de quem negoceia ou revende as peças que saem da fabrica para vender ao público em geral.
Das duas, uma, o patrão vende a peça muito acima do custo de fabricação, ou então é o revendedor que coloca uma percentagem tão grande que em vez da peça custar uma verba a quem a vai comprar, custa quatro ou cinco vezes mais.
E dou aqui um exemplo, se uma camisa sai da fábrica a cinco euros, e chega ao consumidor a custar vinte e cinco euros, de quem é a culpa? Onde está a fiscalização? Quem fica com o dinheiro do suor do trabalhador?
Como é que o vestuário e o calçado, pode ser tão caro em Portugal e os trabalhadores têxteis ganhem tão pouco?
Como é que as casas que compramos podem ser tão caras e os trabalhadores da construção civil ganhem tão pouco?
Como é que o mobiliário é tão caro e os carpinteiros ganhem tão pouco?
São três exemplos mas podia dar mais, e ainda vem os senhores feudais a pedirem contenção salarial e aumento de impostos.
Estarão no gozo com o trabalhador?
Não, não estão. O que eles não querem é que lhes acabem as mordomias.
Ou seja quando um endinheirado, abre uma fábrica ou uma empresa de construção e não só, após fazer algum dinheiro, qual é o primeiro investimento desse dito empresário?
Será gratificação ao trabalhador pelo bom trabalho que executaram e deram nome à empresa?
Será em investir na formação do trabalhador para que possa ser ainda mais produtivo?
Será investir no melhoramento de produção na compra de melhor maquinaria?
Não, não é! E isso, só não vê quem não quer, o primeiro investimento é a nível pessoal e familiar, ou seja comprar uma “bruta bomba” para se fazerem ver ainda mais à sociedade a conduzir um carro de luxo e de alta cilindrada, enquanto o trabalhador que lhe deu o ser continua com o ordenado mínimo, sem melhor formação e a andar de “bicicleta”.
Esta é distribuição da riqueza que estes senhores não querem perder e vai daí, que venha a contenção salarial e o aumento de impostos.
Quando o novo governo tomar posse, será quase certo o Partido Socialista, espero eu que não seja com maioria absoluta mas que a Assembleia da Republica tenha uma maioria de esquerda, virá logo a contenção de despesas.
Vejamos a contenção de despesas é desfazerem-se das viaturas dos ex-ministros e comprar novas, é redecorar os gabinetes porque os ex-ministros tinham mau gosto, é arranjar emprego para os seus protegidos e muito mais, vai só ser contenção de despesas, entretanto quem paga tudo isso é o trabalhador.
Nesta altura de pré campanha, nunca vi tanto e em tão pouco tempo, cartazes de obras publicas no meu concelho como agora vejo. Como num passe de mágica a crise passou e existe dinheiro para tudo e para todos. Todos! Quase todos, é melhor assim, já que o desporto amador anda esquecido.Foi só um aparte por ser também dirigente desportivo.
Meu povo, minha gente, deixem de acreditar em promessas e que só dois partidos podem governar, deixem de andar tapados e deixem de acreditar em papões e votem em pessoas que trabalham que sabem o que é o suor do seu próprio corpo, deixam de acreditar em pseudo moralistas, deixem de acreditar que eles são os salvadores da pátria mas só olham para os umbigos deles, dêem força a quem merece, a quem luta pelo trabalhador, a quem luta por si, a quem luta pela igualdade do ser humano, quem luta pela melhoria de vida, quem luta por melhor acesso à saúde, quem luta por melhores ordenados, quem luta pela distribuição correcta da riqueza, ou seja quem luta por um melhor nível de vida.
Vá votar e vote na esquerda, vote para derrotar a direita, mas não dê a maioria a um partido, mas vote e não fique em casa porque o maior interesse dos grandes partidos é que você fique em casa. Pois só assim conseguirão as maiorias absolutas devido ao seu desinteresse, seja um cidadão de primeira, vá votar e não deixe que outros escolham por si.
Nota: Já reparou nos comentadores dos painéis televisivos e radialistas que quando o PCP fala em medidas estruturantes para a melhoria de vida dos portugueses, eles dizem que são medidas utópicas e quando se fala em aumentos de impostos e contenção salarial dizem que são medidas que se devem tomar. Já não tenho pachorra para estes comentadores que aparecem e desaparecem mediante a cor política que está no governo.