Reforma da Administração
Data: 25 de January de 2005 13:41
Estando a opinião pública completamente intoxicada pala dita necessidade absoluta de uma reforma da Administração Pública e sendo óbvio que a imagem da Administração e a sua eficiência não são de facto as melhores, entendo que sem demagogia, o programa apresentado deveria ser mais detalhado nesta matéria. Naturalmente que não é com o objectivo de reduzir custos mas para servir melhor e mais eficientemente.
Penso pois que o Programa deveria desenvolver mais o tema e listar algumas medidas imediatas e urgentes.
Permito-me sugerir umas tantas medidas que podem acrescentar ao conteúdo do programa proposto:
Avaliação dos serviços quanto à eficiência e cumprimento de objectivos e das suas chefias. Os resultados dessa avaliação deveriam influenciar os processos de nomeações e o currículo dos dirigentes
Desenvolver na Administração competências próprias em quantidade e qualidade para consultoria e auditoria aos serviços, evitando gastos (e que gastos!) em outsourcing privado (isto sem falar em quem são as empresas e a forma como são escolhidas nem na qualidade dos resultados)
No que diz respeito às competências da Administração quanto a tecnologias da informação e comunicação é fundamental recuperar o tempo perdido e dotá-la de meios e quadros para, também aqui, não ter de recorrer sistematicamente ao outsourcing que encarece e na maior parte dos casos não garante qualidade (não faltam exemplos recentes desde a colocação de professores às bases de dados da Segurança Social). Sem isso, sem que seja a Adm. a deter o conhecimento e domínio dos seus sistemas de informação, não é possível garantir que em áreas determinantes (por exemplo no controle do aparelho fiscal) não haja fugas (ou será mesmo manipulação?) de informação e que os efectivos interesses e objectivos sejam devidamente implementados.
Também há algumas áreas em que vale a pena investir para poupar, ganhando eficiência, são as comunicações um bom exemplo. Muita correspondência poderia passar a seguir por correio electrónico, com ganhos de tempo e dinheiro (tanto mais que parte dos lucros dos CTT vão indo para bolsos estranhos). Pode e deve também pensar-se se a comunicação de voz sobre o suporte da Internet não dará para alguma poupança. E será que não há forma de reduzir nos impressos, substituindo por suportes digitais?
Agora duas notas curtas sobre temas usados diariamente para enxovalhar os Funcionários.
Um apontamento quanto à tão badalada necessidade de reduzir funcionários, se é admissível que nalguns serviços ou sectores é possível reduzir, não faltarão outros onde a carência é evidente e mais, se ainda assim se concluísse pelo excesso, então não seria necessária grande imaginação para descobrir inúmeras tarefas que podem e devem ser desenvolvidas para melhorar a qualidade de vida dos portugueses. É verdade que algumas dessas tarefas poderiam não ir cair na alçada dos privados e que isso chateia muito “boa gente”.
Por último a produtividade. Fala-se muito sobre a baixa produtividade da Administração mas ainda considero que não está provada a superioridade da gestão privada sobre a pública. Não faltam os que o defendem e propagandeiam, mas percebe-se bem porquê. Admito que a motivação dos trabalhadores não tem razões para ser muita, que em alguns casos a preparação não é a melhor, mas que exemplos têm os trabalhadores, quem ouve as suas opiniões, quem lhes garante um mínimo de dignidade e qualidade de vida? Será que a massa dos TFP é diferente da dos restantes portugueses? Se a produtividade é assim tão mais baixa que a do sector privado, então como justificar que mais de metade das empresas não dão lucros se têm melhor produtividade?