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Eleições Legislativas 2005
Debate sobre o Programa Eleitoral do PCP

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Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: CarlosS ( )
Data: 25 de January de 2005 16:50

Gostava de lançar o debate sobre uma das principais razões que a meu ver, justifica a baixa produtividade do nosso país.

Está comprovado, por comparação com outros países da Europa, que Portugal é onde mais horas se trabalha. Como se justifica então, o facto de termos uma taxa de produtividade tão baixa?

A meu ver, a falta de formação dos nossos recursos humanos é uma das principais razões que justifica tais valores. Mas a falta de qualificação também se verifica no quadros altos das empresas, aqueles que são responsáveis por dirigir, orientar e planear o trabalho. Penso que nessa classe dirigente, temos muito gente sem qualquer formação para assumir essas funções da melhor forma. Muitos são os casos, em que as pessoas assumem essas funções, não pelas capacidades técnicas demonstradas, mas antes pela aplicação do facto "C" (amigos, conhecidos, familiares). Neste contexto, as muitas horas de trabalho da maioria dos portugueses, traduz-se num baixo rendimento, dadas as graves deficiências ao nível da direcção do trabalho.

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: Ana Paula Silva Coelho ( )
Data: 25 de January de 2005 17:18

Pois é, CarlosS, estou de acordo contigo,estás a ver não sou assim tão má!
A aposta das Empresas na Formação dos trabalhadores tem de facto sido o mínimo possível, salvo algumas excepções, quando até está registado a obrigatoriedade no Código de trabalho da Formação dos Trabalhadores por parte da entidade empregadora.
Até ainda existem Programas importantes no âmbito da CEuropeia, comparticipados e de grande utilidade para as empresas.
Os Rh das empresas deveriam ter um papel importante nesta pressão!
Eu, trabalho nesta área...mas não dá agora para continuar a escrever, já volto!

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: Lena ( )
Data: 25 de January de 2005 17:23

Neste ponto gostaria de lançar algumas questões.

Como é que é medida a produtividade de um trabalhador?
É pela mais valia criada pela empresa/instituição?
E como é que é medida esta mais valia?

A resposta a estas questões é importante, pois só assim poderemos saber como é que se chega À conclusão de que a produtividade dos trabalhadores em Portugal é baixa.
Será que é?
Quem define os padrões e métodos de avaliação?
Serão os modelos adoptados para estas estatisticas adaptados à realidade social e económica de um país?

Gostava que o P. através de um dos seus muitos militantes conhecedores destas matérias dessa algumas respostas a estas questões.

Também o Programa Eleitoral do PCP defende claramente a melhoria dos índices de produtividade nacional, tenho é a certeza de que o entendimento que o PCP tem sobre como chegar lá é bem distinto do entendimento dos defensores das políticas de direita que de forma redutora e nada verdadeira apontam os trabalhadores como os grandes causadores da "baixa produtividade" nacional.

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: Ana ( )
Data: 25 de January de 2005 17:35

Mais uma vez Boa tarde

Não podemos é confundir qualificação profissional com formação académica.
Todos sabemos que é melhor juntar ambas, mas todos sabemos que isto não esta acontecer.
Ora muitos dos cargos dados a quem dirige muitas vezes são dados a licenciados mal formados e recentemente formados ( a todos os niveis) mal formados para os cargos que oucupam e mal formados em valores, apesar de terem formação académica não teem qualificação profissional.
Daí ser importante haver estagios nas diversas vertententes.
Estagios logo nas universidades e não depois quando se procura o 1º emprego e esse servir de estagio.
Muitas vezes estes licenciados oucupam cargos de direcção que são subsidiados por um tal projecto que a empresa apresenta
Para além disso a formação profissional deveria de ser dada nas empresas e acompanhada pelos centros que subsidiam em vez de muitas vezes as verbas destinadas a formação são canalizadas para outras coisas....
A Formação também deveria de ser encarada como tal e não para satizfazer estatisticas e camuflar o desemprego.

Ana

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: célula ( )
Data: 25 de January de 2005 19:35

O Luxemburgo tem uma da média mais altas de produtividade na Europa (eu até acho que é a mais alta mas não posso garantir), e é um país com mais de 10% de emigrantes portugueses entre a população, os quais, sublinhe-se, pertencem quase todos à indústria produtora, e não têm muita formação académica.
O que é que distingue o Luxemburgo de Portugal, então? Eu acho sinceramente que são os salários. Quem trabalha está a vender o que de mais importante tem: tempo de vida, e só produz se se sentir devidamente recompensado.
Não quero dizer com isto que se deve desprezar a formação do trabalhado, antes pelo contrário, porque essa falta de formação que existe tem a mesma causa dos baixos salários praticados em Portugal: falta de formação profissional e humana dos empresários. No Vale do Ave é possível ver famílias a passar fome, com fábricas com salários em atraso cujo valor total não chega ao valor do automóvel do director-geral da empresa. Em muitos casos esse director-geral herdou a empresa do pai e nunca passou dum playboy enquanto jovem. Agora não sabe mais...

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: CarlosS ( )
Data: 25 de January de 2005 20:56

Aquilo que gostaria de salientar, quando coloquei este tópico, refere-se à "qualidade" da classe dirigente das nossas empresas, aqueles que planificam o trabalho, aqueles que organizam e orientam os projectos. A meu ver, coloca-se sempre a culpa no trabalhador, sem responsabilizar os altos dirigentes e questionar a sua (in)competência que tem naturais consequências na produtividade.

Corroios está na luta!
www.pcpcorroios.pt.vu

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: Guilherme Statter ( )
Data: 26 de January de 2005 11:33

A ver se ajudo...
Comecemos por lembrar que um índice de produtividade é um racio entre a produção final (de bens ou serviços) e um qualquer conjunto de elementos (“inputs”) utilizados na produção (de um qualquer bem ou serviço).
Normalmente e ao nível de empresas ou outras instituições, assim como ao nível de ramos de actividade – construção cívil, saúde em clínicas ou hospitais, restauração...- é possível medir a produtividade em termos físicos.
Numero de portas ou janelas colocada por dia, doentes atendidos por dia num serviço, numero de refeições preparadas e/ou servidas por hora...
Assim sendo, para se poder falar de produtividade comparada entre dois ou mais países, torna-se necessário utilizar uma unidade comum a todos os ramos de actividade e – no caso de moedas diferentes – levar em linha de conta as diferenças cambiais.
Se não temos o ridículo de um restaurante ser considerado duas vezes mais produtivo só porque factura cada refeição ao dobro do preço dos outros... O que também tem muito que se lhe diga, designadamente o problema da QUALIDADE (do bem ou serviço produzido).
Ou seja, a produtividade nacional é um agregado de tipo MACRO que não se “cura”, corrige ou melhora com medidas avulsas.
É um processo longo e tem que se atacar em todas as frentes.
A experiência e “observação participante” (como dizem os antropologos) - e a dita observação é de MUITOS anos - diz-me que no caso português a variável interveniente mais importante é a qualidade (má, medíocre, “assim assim”) dos nossos quadros gestores e directivos.
E por aqui me fico.

Re: Gestores e dirigentes nas empresas e instituições
Escrito por: PCP ( )
Data: 26 de January de 2005 18:41

Cara Lena

A questão da produtividade é objecto de grandes deturpações e mistificações ideológicas.

Em termos muito simples, a produtividade poderia ser medida pela quantidade de produção produzida por um trabalhador durante um determinado período de tempo.

Numa empresa, por exemplo, podia dividir-se o valor acrescentado durante um determinado período de tempo pelo número de trabalhadores e ter-se-ia a produtividade média por trabalhador.

Mas, uma questão é a sua medida em termos físicos, outra em valor, pois, por exemplo uma camisa (x) perfeitamente igual (tecido, corte, etc.) outra (y) pode ter um valor (aparente) muito maior se tiver uma marca (Lacoste...!)

Dois trabalhadores podem pois ter uma igual produtividade medida em termos físicos e diferente se medida em termos de valor.

Depois, a produtividade muitas vezes pouco tem a ver com o trabalhador.

Uma empresa com tecnologia avançada tem uma produtividade muito superior a outra com tecnologia atrasada.

Por outro lado a produtividade do trabalhador não depende só da sua aplicação e motivação (o que está ligado à formação, salário. horário de trabalho, bom ambiente na empresa) mas do nível tecnológico da empresa, da sua organização, da sua posição no mercado, etc.

Notas:

a) O valor acrescentado é a diferença entre o valor das matérias primas e o valor final.

b) No nosso país os valores da produtividade apresentados são muitas vezes uma pura mistificação.

c) Outra questão é a da competitividade da economia. A nossa economia só pelo facto da valorização do euro em relação às outras moedas tem perdido competitividade anualmente sem qualquer responsabilidade dos trabalhadores.

Carlos Carvalhas

Membro do Comité Central do PCP



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