meus caros camaradas e amigos

encontro-me em Timor-Leste em trabalho de cooperação embora sem o enquadramento do governo português... parece mentira mas não é!!! é apenas ridículo....

já ando em cooperação por estas terras desde 1999 e desde a independência em 2002, não obstante um acordo celebrado em finais de 2000 entre os governos de então (a UNTAET e o Gov.PS), nada mais foi feito na área de actividade onde me encontro inserido: Serviços Postais......

por outro lado, a cooperação no seu sentido mais lato também apresenta muitas lacunas, nomeadamente no ensino da língua portuguesa...

é triste ver os australianos a apostarem forte no ensino do inglês, recheando as escolas, salas de leitura/aula e bibliotecas de livros e revistas em inglês e os professores timorenses a pedirem-nos (como de pão para a boca) livros escolares, dicionários e gramáticas da nossa língua....

gostaria de ver este tema tratado, acima de tudo pelos nossos futuros deputados em número significativo na AR....

deste lado do mundo, infelizmente não podendo votar em 20.fev., faço votos que a CDU tenha uma votação significativa que sirva os objectivos centrais de derrotar a direita, recebam um abraço fraterno do
st

Bem vindo ao clube dos "cooperantes"... O património numero um da nacionalidade - a língua - é coisa que muito pouco preocupa os nossos (des)governantes.
O que se vai fazendo por esse mundo fora em defesa da língua portuguesa até tem sido mais por força e iniciativa dos outros do que dos "nossos".
Qualquer moçambicano lhe confirma que a Frelimo fez mais pela língua portuguesa em 20 anos do que o governo colonial em 70 anos.
Também eu fico com curiosidade de saber como vai ser a nova (se for...) orientação e meios do Instituto Camões.
Para já é de assinalar que a cooperação no meio audio-visual (logo da defesa da língua portuguesa...) tem servido é para ir dar uns mergulhos aquáticos a um ilhéu anexo à Ilha do Princípe.

É só para referir um outro aspecto que até tem a ver com a minha discordância relativamente ao posicionamento do PCP quanto à nossa participação na União Europeia.
Cada vez são mais as vozes (também é verdade que "são mais as vozes do que as nozes"...) que reclamam e propõem uma maior cooperação institucional UE-Africa (sem descurar outras regiões "não ou mal-desenvolvidas").
Nesse contexto há (e haverá certamente mais) financiamentos para acções e projectos de cooperação (agricultura, pecuária, saúde, formação profissional, educação...).
Ainda nesse contexto os Portugueses têm (ainda podem beneficiar de) alguma "vantagem competitiva" relativamente a outros povos europeus.
Isto, claro, SE O ESTADO PORTUGUÊS ADOPTAR UM POLÍTICA COERENTE, ESTRATÉGICA E AFIRMATIVA RELATIVAMENTE À COOPERAÇÃO (em vez do usual discurso tipo "aqui d'el rei que Moçambique já aderiu à Commonwealth" ou "os franceses querem impôr (!) a lingua francesa na Guiné..."), se, repito, houver uma estratégia concertada e de médio longo/prazo, alguns (sublinho este "alguns") dos problemas de emprego de jovens licenciados e bacharéis em Portugal, podem ser resolvidos com benefícios para muitos povos. É uma questão de "triangulação" Portugal-UE-África.
Mas para isso é precisa a tal "estratégia".
Tenho alguma curiosidade em saber o que pensa o PCP deste tema genérico da COOPERAÇÃO.

Sobre o tema “Cooperação” o PCP tem uma posição de principio: é indispensável no mundo “globalizado” em que vivemos e deve ser realizada numa base de interesse recíproco e igualdade de direitos, com respeito pela soberania dos Estados, sem paternalismos ou pretensões neocolonialistas e mesmo imperialistas.
No Programa Eleitoral defendemos “uma Europa de paz, que respeite a soberania, que promova o desarmamento e a solução pacifica dos conflitos, norteada pela cooperação entre todos os povos do mundo, no respeito pela Carta das Nações Unidas” (pág. 120) e que Portugal deve “intervir activamente pelo desenvolvimento de relações económicas internacionais mais equitativas e mais justas, contra as ruinosas imposições do FMI, BM e OMC, pela anulação da dívida externa dos países do “Terceiro Mundo”, por políticas de cooperação e apoio activo e solidário ao desenvolvimento dos povos dos países subdesenvolvidos”. (pág. 124)
É neste quadro que nos situamos quanto às relações de Portugal com os PALOP’s como em relação à participação do nosso país em formas de relacionamento que envolvam a União Europeia, ou outras. Infelizmente a tendência dominante continua a ser para impor a partir do “Norte” relações profundamente assimétricas e injustas aos países do “Sul”. É o que acontece com os Acordos de Lomé ou a problemática da dívida. O PCP luta activamente por uma nova ordem internacional em que a cooperação mutuamente vantajosa seja realmente soberana.


Albano Nunes
Membro da Comissão Politica do PCP